sexta-feira, 3 de novembro de 2006

«Não há estudos em Portugal»

No Diário de Notícias: "A instalação de linhas de alta tensão tem motivado a contestação das populações um pouco por todo o País. Além da desvalorização das casas, os moradores receiam o eventual impacto da radiação electromagnética na saúde e em vários casos queixam-se já de hipotéticos efeitos.
Apesar da incerteza científica, "faz todo o sentido investigar" situações como as relatadas pelo DN. Para o professor António Sousa Uva, da Escola Nacional de Saúde Pública, "as autoridades de saúde devem estudar estas situações, sem criar pânico". Este médico considera que, "quando surgem estes números anormais, justifica-se sempre a procura da compreensão do fenómeno através da realização de um estudo epidemiológico".
Nos dois casos investigados pelo DN, os delegados concelhios de saúde acreditam existir algum tipo de acompanhamento pela autoridade nacional de saúde. Mas a realidade parece distinta. "Não está a ser feito qualquer estudo epidemiológico", disse ao DN Cristina Amaral, da Divisão de Saúde Ambiental da Direcção-Geral da Saúde (DGS).
No Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge a informação é idêntica : "Não estamos a fazer estudo nenhum nem tenho conhecimento disso", explicou Marinho Falcão, director do Observatório Nacional de Saúde. O mesmo parece passar-se no Centro Regional de Saúde Pública de Lisboa e Vale do Tejo. "Não há aqui ninguém para prestar declarações, tentem a DGS", respondeu ao DN fonte do centro.
O único trabalho nesta área é assegurado pela DGS. Cristina Amaral representa Portugal num grupo de trabalho da Organização Mundial de Saúde (OMS) que estuda os efeitos da radiação electromagnética. Isso "permite ao País estar a par das últimas informações".
Quanto às denúncias, confirma que os serviços já receberam algumas. "Todas as situações são investigadas, mas há limitações", diz. "Era preciso fazer um estudo epidemiológico", admite. O director da Divisão de Saúde Ambiental tem a mesma opinião: "Devia ser feito um estudo desses casos, mas não tem havido essa orientação devido à incerteza científica". António Tavares justifica que têm "surgido outras prioridades" e que "os meios são escassos". O técnico compreende a ansiedade das populações e acredita que no futuro estas situações "vão exigir mais atenção".
Até lá, a divisão, em colaboração com os centros regionais de saúde pública, está a preparar uma circular informativa dirigida aos serviços. O documento deverá estar pronto até ao final do ano e irá conter informação actualizada, o enquadramento legal relativo às linhas de alta tensão e algumas recomendações.
"A probabilidade de haver uma relação entre as linhas e os problemas de saúde é pequena, mas devia ser suficiente para sermos cuidadosos", recomenda António Uva. LG

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